19 de março de 2015

A Culpa é das Estrelas (2014) - Papel e Película (Coluna)


Não gosto de modinhas. Muitas vezes me recuso a ler o que todo mundo está lendo, a ver o que todos estão vendo, a escutar o som do momento. Mas às vezes sou obrigada a dar o braço a torcer. Com “A Culpa é das Estrelas”, maior fenômeno literário dos últimos anos, tive uma agradável surpresa. Não virei fangirl louca e obcecada, não me acabei de chorar, mas gostei. Não é o melhor filme do mundo, mas se sustenta com boas escolhas no elenco e, claro, uma escrita envolvente.

Estamos muito acostumados a ver filmes tristes, em que algum personagem tem uma doença terminal. Entretanto, poucos personagens encaram a doença como Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley): com total objetividade. Diagnosticada com câncer na tireoide aos 13 anos, ela aprendeu cedo que a vida não é um conto de fadas e que nem tudo dá certo no final. Ela pode ser cínica, sarcástica, talvez até desagradável, mas se recusa a iludir quem quer que seja. Como os opostos se atraem, ela conhece em um grupo de apoio o charmoso e sorridente Augustus Waters (Ansel Elgort), um ex-atleta que amputou uma perna devido a um câncer nos ossos e agora está em remissão. O terceiro membro da história é Isaac (Nat Wolff), que está prestes a retirar a segunda córnea e tem uma bela namorada que promete estar sempre com ele... Mas só promete.

A história de Hazel e Gus é feita de vários ingredientes: um livro intrigante sobre uma menina com câncer, a tentativa surpreendente de entrar em contato com o autor do livro, uma viagem inesquecível a Amsterdã, piqueniques em frente a um playground curioso, muitas risadas e algumas dúvidas.

Veja como a tecnologia é incorporada no filme: as mensagens trocadas entre Hazel e Gus aparecem na tela em pequenos balõezinhos desenhados, sempre com textos bem-humorados. As vontades e vivências dos personagens são semelhantes às de qualquer adolescente normal, embora haja um quê de conto de fadas modernizado... e triste.

Tamanho era o fenômeno do livro que o fracasso do filme poderia custar caro. Eram milhões de pessoas mundo afora ansiosas pela chegada da adaptação aos cinemas, e decepcioná-las causaria danos às carreiras de todos os envolvidos. Por isso, um expediente incomum foi adotado: o autor John Green esteve presente em quase todas as gravações, para dar o tom exato e fiel a cada cena. Claro que isso não impediu o surgimento de algumas licenças cinematográficas sutis e que não alteraram o rumo da história: muda-se o cabelo de Isaac aqui, os olhos de Gus acolá, uma ex-namorada deixa de existir na transição do papel para a película.

Não é um livro perfeito. Não é um filme perfeito. Não se tornará um clássico obrigatório do cinema. Mas é bom que a juventude esteja tomando contato com este tipo de ficção. Temos aqui uma realidade nua e crua, porém bem-humorada e até um pouco mágica quando a protagonista abre seu mundo para novas experiências. Não importa se há fangirls loucas sonhando com uma história de amor como a de Hazel e Gus. O que importa é que esta história inspire quem sofre e quem ama, e sirva de porta de entrada para o maravilhoso mundo do cinema e da literatura.

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