Baseado em uma história real: quatro palavrinhas capazes de fazer qualquer cinéfilo ou leitor tremer na base e atingir seu ponto máximo de vulnerabilidade. Porque o que até então parecia uma ficção despretensiosa adquire novas dimensões quando você fica sabendo que toda aquela trama aconteceu, talvez com algumas modificações, com uma pessoa real.
Philomena Lee (Sophie Kennedy Clark) era uma adolescente quando engravidou e foi mandada para um convento, para proteger a família da vergonha. Lá ela dá à luz um menino, que decide chamar de Anthony, e, meses depois, o garoto lhe é tirado e adotado por um casal americano. Philomena ficou ainda um tempo “pagando sua dívida de gratidão” no convento irlandês, e lá voltou muitas vezes para tentar descobrir o paradeiro do filho.
São mais de 50 anos de procura, até que a filha de Philomena (interpretada por Judy Dench na fase adulta) procura o jornalista Martin Sixmith (Steve Coogan) para escrever a história da mãe. Ele se nega de início, porque não gosta de histórias reais e melosas, mas, como está desempregado, decide dar uma chance ao caso e vai conhecer Philomena.
Cuidado: talvez você acabe o filme com muito ódio da Igreja Católica. A pobre Philomena, simplória e inofensiva, foi enganada a vida toda pelas freiras do convento onde Anthony nasceu, pois elas se recusavam a dar qualquer pista sobre o paradeiro dele. E isso foi só a menor das “atrocidades”. O New York Times acusou duramente o filme de atacar o catolicismo
O filme é um bocado diferente do livro. Ora, o filme explora a relação entre Martin e Philomena na jornada em busca do paradeiro de Anthony. O livro é escrito por Martin, sobre Philomena e Anthony. O livro, aliás, se chama “O filho perdido de Philomena Lee”, e de fato o foco é em Anthony e sua vida após a adoção. Há um raro fato aqui: o ator Steve Coogan, intérprete de Martin, é também roteirista.
Além da surpreendente indicação ao Oscar de Melhor Filme, “Philomena” também foi indicado nas categorias Atriz para Judi Dench, Roteiro Adaptado e Trilha Sonora. O mérito de um filme quase nunca é medido por seus troféus e “Philomena” está aí para provar isto. A história de interesse humano que Martin Sixmith se recusava a escrever acabou se tornando maior que qualquer outra de suas reportagens jornalísticas.
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