Um filme baseado em um livro que fala sobre livros. Santa metalinguagem, Batman! Como a maioria dos best-sellers recentes, “A menina que roubava livros” não demorou para se espalhar pelo mundo e ter seus direitos de adaptação comprados por um estúdio de cinema. Euforia e muita expectativa dos fãs... e decepção dos críticos.
A morte sempre esteve muito presente na vida de Liesel (Sophie Nélisse). Seu irmão mais novo morreu a caminho da nova casa, localizada na Rua Paraíso. No enterro, ela rouba seu primeiro livro, e é o pai adotivo, Hans Hubermann (Geoffrey Rush), que a ensina a ler com aquele livro roubado. Está plantada a semente de uma grande leitora e contadora de histórias.
A trama começa na Alemanha de 1938, o que significa que podemos prever alguns momentos bem trágicos para os personagens, considerando o contexto histórico. O próprio amor de Liesiel pelos livros aumenta em meio ao que qualquer rato de biblioteca considera uma tragédia: a queima de centenas de livros considerados “subversivos” pelo regime nazista. O livro que ela salva das chamas é “O Homem Invisível”, de H. G. Wells, e dele surgem muitas metáforas, inclusive a da reclusão do judeu Max (Ben Schnetzer). É o próprio contexto que torna capaz uma simbologia fortíssima: Max dá de presente para Liesel uma cópia do livro escrito por Hitler, Mein Kampf, com todas as páginas pintadas de branco. A menina passa a usar o livro como diário e nele escreve suas histórias: é a mostra de que os nazistas não podem impedi-la de falar (e escrever) o que pensa.
O porão da casa dos Schuberman é o local dos sonhos de Liesel: nas paredes Fraz criou um alfabeto interativo, em que a menina pode adicionar novas palavras que vai descobrindo em suas leituras. É lá também que ela lê livros “emprestados” para Max, que escapou dos nazistas e está muito doente.
Fique de ouvidos bem abertos: a trilha sonora toda instrumental é assinada por John Williams, colaborador constante de Steven Spielberg e responsável também pelas trilhas de Star Wars e dos filmes de Harry Potter. A música dá bem o tom antigo da história, mas a riqueza dos cenários e das roupas é uma atração maior e melhor de ser apreciada.
Você deve ter visto o livro de Markus Zusak em destaque em alguma livraria física ou virtual no passado, ou mesmo com algum amigo bibliófilo. Houve grande expectativa quando foi anunciada a adaptação do livro para o cinema, e certamente os fãs da obra literária lotaram as salas de cinema para acompanhar a estreia com pipoca e lágrimas.
A principal diferença é que no livro Hans e Rosa Hubermann têm dois filhos adultos e adotam Liesel. No filme, eles adotam Liesel (e adotariam o irmão dela se ele não tivesse morrido na viagem) apenas para receber um auxílio do governo. A morte continua como narradora, mas por vezes até nos esquecemos dela com o fluir da narrativa.
Os críticos apontaram os clichês e o excesso de drama como pontos fracos do filme. Entretanto, as bilheterias bateram mais de 76 milhões de dólares no mundo inteiro. Fica a dica: vá sem muito espírito crítico, com o coração aberto, olhos atentos e muita vontade de ver uma boa história ser contada. Assim você com certeza vai apreciar “A menina que roubava livros”.
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