Em "Memórias Póstumas de Brás Cubas" temos uma prerrogativa incomum; "um morto que conta a sua vida", somada ao estilo narrativo realista irônico, a grande diferença porém, em comparação as demais obras do autor, é o viés humorístico da obra que salta aos olhos e conquista os leitores.
Normalmente Machado é mais comedido, suas ironias são perceptíveis de maneira clara, mas ficam em sua maioria sugeridas em virtude da perspectiva narrativa mais centrada. Em "Memórias", porém, a existência de um defunto que narra não admite grande vocação para seriedade, e coerente com esta proposta o livro critica a sociedade brasileira, e a própria cultura em geral da época, abertamente e sempre com a classe "machadiana" onde até coisas que pareceriam rudes ficam engraçadas e estimulam a reflexão.
A concepção aristocrática do autor, Cubas, tem por base justamente ironizar o formalismo das classes superiores, por toda a obra está presente a denúncia da hipocrisia e dos atos de pompa sem sentido cometidos por esta classe social classicamente tão admirada.
Mas enumerar os pontos positivos seria longo, Machado tem uma liberdade imensa e Brás Cubas é quase que um heterônimo do autor. Por essas razões ele explora conteúdos dos mais variados como filosofia, literatura, promiscuidade e tantos outros, ao mesmo tempo que brinca com a forma do texto com saltos que desafiam a lineralidade clássica das histórias.
Não é preciso dizer que a liberdade faz muito bem aos homens e quando esta une-se ao brilhantismo e a inteligência de Machado o que temos? Obra-Prima neste caso.
Sem dúvida é um livro muito bom que comprova, sem espaços para contestação, que o Brasil pode sim produzir literatura de qualidade com aspectos originais, aspectos estes do original e genial Machado de Assis.
Leia a sinopse deste livro
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