21 de maio de 2011

Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis) - Crítica / Resenha


O Brasil sempre teve uma literatura muito atrelada ao contexto europeu, as motivações sempre foram evidentes afinal somos um país jovem dominado por uma nação européia, já os nossos antepassados indígenas, que quase foram exterminados, não eram muito de escrever textos literários, assim uma escrita genuinamente brasileira demorou a surgir. Porém, passou o tempo, e ganhamos nossos mestres literários, e falar de mestres em literatura no Brasil é falar de Machado de Assis.


Em "Memórias Póstumas de Brás Cubas" temos uma prerrogativa incomum; "um morto que conta a sua vida", somada ao estilo narrativo realista irônico, a grande diferença porém, em comparação as demais obras do autor, é o viés humorístico da obra que salta aos olhos e conquista os leitores.

Normalmente Machado é mais comedido, suas ironias são perceptíveis de maneira clara, mas ficam em sua maioria sugeridas em virtude da perspectiva narrativa mais centrada. Em "Memórias", porém, a existência de um defunto que narra não admite grande vocação para seriedade, e coerente com esta proposta o livro critica a sociedade brasileira, e a própria cultura em geral da época, abertamente e sempre com a classe "machadiana" onde até coisas que pareceriam rudes ficam engraçadas e estimulam a reflexão.

A concepção aristocrática do autor, Cubas,  tem por base justamente ironizar o formalismo das classes superiores, por toda a obra está presente a denúncia da hipocrisia e dos atos de pompa sem sentido cometidos por esta classe social classicamente tão admirada.

Mas enumerar os pontos positivos seria longo, Machado tem uma liberdade imensa e Brás Cubas é quase que um heterônimo do autor. Por essas razões ele explora conteúdos dos mais variados como filosofia, literatura, promiscuidade e tantos outros, ao mesmo tempo que brinca com a forma do texto com saltos que desafiam a lineralidade clássica das histórias.

Não é preciso dizer que a liberdade faz muito bem aos homens e quando esta une-se ao brilhantismo e a inteligência de Machado o que temos? Obra-Prima neste caso.

Sem dúvida é um livro muito bom que comprova, sem espaços para contestação, que o Brasil pode sim produzir literatura de qualidade com aspectos originais, aspectos estes do original e genial Machado de Assis.


Leia a sinopse deste livro




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