24 de novembro de 2011

A Pele que Habito - Cinefilia Literária (Coluna)


O mais recente filme de Almodóvar estreou no Brasil há poucas semanas levando muita gente aos cinemas, fenômeno digno de nota, pois bem sabemos que na maioria esmagadora dos casos os primeiros lugares das listas são ocupados por blockbusters estadunidenses falados obviamente em língua inglesa, então algo fora desse padrão, já pode ser considerado relevante, claro que tal acontecimento se deve ao peso que o nome Almodóvar foi conquistando com o passar do tempo, ele é dos poucos bons diretores que ainda conseguem lotar salas.

Assisti a este filme numa dessas salas lotadas, foi interessante notar que ao contrário do que eu imaginava não havia apenas fãs da obra do autor, mas muita gente desavisada que vai assistir a certos filmes “excêntricos” sem saber das características peculiares que poderão estar prestes a presenciar, essas pessoas são pegas de surpresa e ficam abismadas com tudo que vêem, sinceramente ainda não compreendo bem, o que poderá movê-las? A necessidade de sempre fazer parte daquilo que é mais comentado naquela semana? Naquele momento? Não importando muito se existe alguma diferença qualitativa entre um (terrível) “Amanhecer” ou este A pele que habito? Deixemos tais interrogações de lado (por ora). 

Este filme é inspirado no livro Tarântula do francês Thierry Jonquet, publicado em 1984, que parte de três histórias aparentemente distintas, mas que se coincidem em determinado momento do enredo. O filme de Almodóvar segue uma linha central na história que é desenrolada a partir do papel do médico Robert Ledgard, vivido com competência por um Antonio Banderas que há tempos estava escondido em meio a personagens repetitivos, sem graça e caricatos.

O Dr. Ledgard, é um renomado cirurgião plástico que sabemos logo no início ter participado de três entre os dez transplantes de rosto realizados no mundo e antes que alguém se sinta perturbad@ pelo aparecimento repentino de spoilers neste texto, aproveito para esclarecer que ao contrário do que venho fazendo com outras obras neste espaço, desta vez não irei revelar muito da história, pois, trata-se de um filme novo e bom, como não foi o caso de Conan, por exemplo, e sendo assim, espero que muitas pessoas ainda tenham vontade de conferi-lo.

Então para não falar muito da trama, enfatizo apenas que há muitos momentos inusitados, cenas que podem chocar certas pessoas e que Almodóvar trabalha muito bem vários elementos neste filme: drama, suspense, horror, ficção e há até espaço para uma pequena dose de humor, mas num enredo não linear, nada nos é entregue de cara e vamos descobrindo aos poucos do que verdadeiramente se trata esta história, sendo assim é cinema de primeira grandeza, em meu ponto de vista uma única atitude que deveria ter sido tomada com maior antecedência foi algo que ficou a desejar, entretanto, considerando a quantidade escandalosa de coisas ruins que são jogadas nas salas de projeções arbitrariamente, essa ÚNICA (falta de) atitude nem é tão ruim assim, vamos combinar e quem sabe, você querid@ leitor(a) nem note :)







Ficha técnica:
Lançamento: 2011
Livro: Tarântula por Thierry Jonquet
Direção: Pedro Almodóvar
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya, Blanca Suárez, Jan Cornet, Marisa Paredes

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