19 de fevereiro de 2011

Turma da Mônica Jovem - Crítica

Quando em 2008 foi lançada a primeira edição do gibi Turma da Mônica Jovem foi um alvoroço em termos de notícias e comentários, todos os portais especializados faziam questão de informar e de rapidamente dar seu parecer sobre a nova hq que ousava ao mudar muitos dos clássicos aspectos do maior êxito brasileiro em termos de quadrinhos.

Alguns detratores foram rápidos em sentenciar que a hq seria um fracasso, venderia bem nas 3 ou 4 primeiras edições motivadas pela propaganda maciça e depois rumaria por um caminho de queda vertiginosa constante, estavam completamente errados, a venda da revista hoje conhecida como TMJ vai muito bem obrigado, e no mês de agosto deste ano serão completados 3 anos da publicação que já tem uma edição especial que vislumbra uma nova franquia, a revista "Cebola Jovem".

Realmente não posso negar o sucesso e isso me motivou a ler algumas edições apesar de eu me enquadrar naqueles fãs que viam com maus olhos algumas modificações radicais como o fato de Cascão tomar banho e o romance entre Mônica e Cebolinha, antes oponentes que geravam grandes histórias com sua rivalidade na tentativa de Cebolinha  para se tornar o dono da rua... ou "lua" como ele é costumava dizer, costumava pois em TMJ ele quase não comete mais esses enganos fonéticos de trocar "Rs" por "Ls".

Claro que tudo isso é lógico, uma vez que seria complicado imaginar que Cascão passasse anos e não tomasse banho (como na hq normal ele não envelhecia não tinha muito problema) ou que a "paixonite" entre Cebolinha e Mônica sugerida na hq infantil não evoluísse para algo mais quando eles fosse jovens e os hormônios começassem a fazer o seu papel.

O problema de tais mudanças não está na razoabilidade, mas sim no fato de que Maurício e seus roteiristas acabaram entrando numa zona desconfortável. Acertar um padrão que tenha sucesso e seja bom é muito difícil, e foi isso que Maurício conseguiu fazer na Mônica original, se uma vez já é complicado imaginem duas vezes.

Em TMJ Maurício de Sousa ousa deixar de lado vários elementos que fizeram a qualidade da inocente hq infantil em prol de uma história que visasse a juventude, a questão é que ele não sabe fazer isso muito bem, parecem faltar roteiros mesmo havendo apenas um quadrinho mensal que tem sua história muitas vezes estendida por várias edições. Tanto que ele acaba por recorrer a diversas aventuras inspiradas em aventuras excessivamente ficcionais, preenchidas de uma fantasia que transcende os limites da necessidade, isso quando não simplesmente parodia uma história de sucesso.

Quando as histórias se focam na vida cotidiana a revista ganha um novo fôlego, fica melhor e relembra mais o velho estilo Turma da Mônica de fazer histórias e piadas, mesmo assim, infelizmente, não apresenta a mesma desenvoltura da hq tradicional, se utilizando de muitos clichês da suposta vida adolescente.

O principal problema de Turma da Mônica Jovem é este, ser uma Turma da Mônica que tenta ser diferente da tradicional, para isso Maurício usa um estilo de sucesso atualmente; o mangá - que não é o seu - abusa de histórias de aventura fantástica que também não são sua especialidade e fala de um universo jovem que não conhece tão bem quanto ao infantil.

Claro que a história está longe de ser ruim, pode ser divertida e agradável com suas situações exageradas típicas do mangá, com belos desenhos e com eventos completamente novos que você sabe que não veria em Turma da Mônica, o grande problema ocorre quando você é fã (como eu, admito) da hq original, a diferença salta aos olhos e mudar algo que já é muito bom é um desafio extremamente complexo.

O mais correto aqui seria atribuir duas notas, para o público atual que quer uma história de outra faixa etária e que apesar de nunca ter sido um grande fã da Turma da Mônica original gostava dos gibis a nota seria 3, ou seja, bom, para aqueles que se embebiam com a originalidade e simplicidade das histórias originais a nota mais apropriada seria 2, de fraco a regular.

Como pertenço ao segundo grupo minha nota é 2 para TMJ, cujo grande problema foi tentar se adequar a um modelo de sucesso previamente estabelecido, enquanto a TM clássica fez a façanha de criar um modelo  a ser seguido pelos demais.





Ewerton Gonçalves

3 comentários:

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