Harry Potter, a obra que fez Joanne Kathleen Rowling se tornar bilionária, indo direto ao cerne sem maiores rodeios ou floreios, é uma obra literária muito boa.
Poucos devem concordar comigo na junção entre "muito boa" e "obra literária" para definir os livros, a maioria concorda apenas que a série cumpre com um papel; conquistar novos leitores sobretudo crianças, sendo uma obra divertida e válida por possuir essa importância "pedagógica".
Após ler os livros do bruxinho as crianças poderiam, segundo essa maioria a que eu me refiro, progredir para leituras mais elaboradas e que aí sim possuíssem verdadeira e legítima qualidade literária.
Eu, como já está claro, discordo, primeiro há nessa noção o problema de acreditar que existem obras que são boas apenas para uma faixa etária, não é porque algo tenha um enredo simples ou imaginativo que se torna ruim para quem possua mais idade, quem pensa desse modo vai necessarimente estar se privando de algumas das maiores obras já feitas pela humanidade. (continua)
Harry Potter tem estes dois elementos, simplicidade em termos e situações objetivas e muita imaginação para cunhar o mundo paralelo dos bruxos em todas as suas peculiaridades. Mas, ele não possui apenas esses elementos, ele os trabalha com rara competência.
A Linguagem consegue transmitir as idéias de uma forma tão atraente que se tornou sucesso nas mais diversas idades e gêneros, mas sem dúvida a grande qualidade está nas descrições das personagens, Harry, Rony, Hermione e todos os demais tornam-se vivos e palpáveis ao leitor, em todas as suas particularidades e idiossincrasias cotidianas que demonstram a capacidade da autora como uma ótima observadora, é difícil não rir com os Irmãos Fred e Jorge, ou não se sentir apreensivo ante o primeiro beijo de Harry (que acontece apenas no quinto livro!), ou então não se sentir feliz quando Harry finalmente encontrou seu padrinho e quantos não ficaram abalados com a morte de Dumbledore...(Harry Potter já acabou faz tempo, portanto não foi spoiler hein)
Se eu for citar esses momentos onde a "humanidade" das personagens se mostra gastarei inúmeras linhas e mesmo assim ficarei limitado antes pela memória do que pelo fim real dos acontecimentos, porque depois de 7 livros são incontáveis as horas em que você se alegra ou entristece como se os habitantes de Hogwarts fossem tão reais quanto o sua irmã, seu amigo, ou sua sogra (que se assemelha a professora Dolores Umbridge)...
Aventura também tem aos montes, toda ela bem delineada pelo deslumbrante mundo criado inspirado na mais variadas lendas européias, óbvio porém que como baseado em lendas vão ser encontrados várias correspondências entre a realidade e o mundo mágico, lá vai haver lojas, dinheiro, escolas e tudo mais, mas quase tudo de um jeito mais curioso e divertido por vezes, outras coisas ganharão um similar como as vassouras que substituem os automóveis...
Finalmente não será apropriado concluir sem salientar talvez a mais ignorada entre todas as qualidades da obra, a crítica social, alguns dos exemplos claros: os humanos recebem o nome de "trouxas"; os tios de Harry como uma crítica feroz à sociedade ocidental; e o próprio Harry mostra como a sociedade pode repudiar um verdadeiro herói, ou seja, um verdadeiro merecedor de honrarias é martirizado pela família Dursley que glorifica a mediocridade e as aparências.
Evidente que o espaço é curto (e a minha disposição idem) e que a obra tem seus defeitos como alguns problemas de continuidade e uma sensação de que uma maior profundidade ainda era possível.
Mas sem dúvida alguma é uma obra que merece ser lida por qualquer um que saiba ler, pois é um livro democrático e de qualidade inquestionável, para qualquer que seja a idade.
Obs: Eu não li "Os Contos de Beedle" ele só aparece na foto porque eu gostei da imagem e quis usá-la por puro capricho , por sinal ela foi retirada do blog "Nunca na Galáxia" que você pode acessar ou não (você que sabe) clicando aqui.
Ewerton Gonçalves
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