11 de março de 2012

A Invenção de Hugo Cabret (2011) - Papel & Película (Coluna)


Uma das sensações da última cerimônia do Oscar foi o mais novo sucesso do diretor Martin Scorsese. “A Invenção de Hugo Cabret” recebeu onze indicações, ficando com cinco prêmios, todos técnicos. Quem vai ao cinema conferir este campeão sabe que vai encontrar um show de efeitos sonoros e visuais. O que os espectadores não esperam é ter uma aula sobre a história do cinema.

O fofo Hugo Cabret (Asa Butterfield) é um órfão que mora numa estação de trem em Paris. Suafunção é dar corda nos relógios do lugar e seu objetivo maior é consertar um boneco autômato em que seu pai estava travalhando quando morreu. Para isso ele rouba peças e engrenagens de Georges Méliès (Ben Kingsley, perfeitamente caracterizado), dono de uma loja de brinquedos que acaba pegando o pequeno ladrão. A esperança de ver o autômato funcionando estaria morta se não fosse a inteligente Isabelle (Chloe Moretz), afilhada de Méliès que ajuda Hugo a consertar o boneco e, com ele funcionando, as crianças descobrem o passado de Méliès e aprendem muito sobre os primórdios do cinema.

O livro tem o mesmo nome que o filme recebeu no Brasil (nos EUA, o título é simplesmente Hugo) e foi publicado em 2007. O autor Brian Selznick também fez as ilustrações e criou uma interessante interdependência entre texto e imagem. Assim, mesmo o livro tem muito de cinematográfico, e não só em seu enredo. Em páginas duplas há ilustrações que são verdadeiras cenas de cinema, com direito a closes e ângulos originalíssimos.

Para ter o toque do diretor, algumas mudanças foram feitas. Vale destacar a importância dada ao guarda da estação (Sacha Baron Cohen) e a seu cão Maximillian, talvez a dupla mais divertida (porque o cachorro com certeza rouba a cena). Tais personagens são apenas mencionados no livro. Sacha, que causou polêmica com suas recentes comédias “Borat” e “Bruno”, está cômico na medida sob a direção de Scorsese.

Como todo bom filme em 3D, é de se esperar que este também tenha belos efeitos visuais. E, de fato, há algo de mágico no visual do filme, que nos deixa tão boquiabertos como uma criança que vai ao cinema pela primeira vez. O destaque vai para a incrível reconstrução de cenas e sets dos filmes de Méliès, rodados há mais de um século.

Apesar de todos os prêmios ganhos, a conquista mais louvável deste longa, em minha opinião, é ser uma declaração de amor ao cinema que leva muito conteúdo ao público. Uma plateia que vai em busca de um simples divertimento acaba conhecendo cenas de grandes filmes mudos e vendo trabalhos de diretores ainda desconhecidos para eles, a exemplo do próprio Méliès.

Traduzir em palavras um filme como “A Invenção de Hugo Cabret” é uma tarefa complicada. Tamanho espetáculo visual combina bem com o livro ricamente ilustrado do qual se originou. Homenageando o passado cinematográfico, assim como o outro ganhador de 5 Oscars em 2012, “O Artista”, temos aqui uma experiência sensorial única e tão mágica quanto ver um filme mudo na tela grande pela primeira vez.

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