18 de novembro de 2011

Entrevista - Carolina Munhóz

imagens: site da autora


A escritora Carolina Munhóz é uma daquelas pessoas que demonstram que a crença no próprio trabalho ajuda e muito na realização dos objetivos (ou sonhos como ela ressalta). A autora do romance fantástico A Fada concluiu sua obra com apenas 16 anos e publicou-a através da pequena Arte Escrita.

O começo modesto mas confiante possibilitou que ela tivesse seu trabalho reconhecido pela editora Novo Século, que assumiu a publicação da obra em maior escala. Finalmente, "A Fada" acabou sendo o passaporte para Carolina receber o Prêmio Jovem Brasileiro de melhor escritora no ano de 2011.

Muito gentilmente, a Carolina respondeu (com um pouco de atraso devido aos seus diversos compromissos) às nossas perguntas sobre sua trajetória, sua obra publicada e mais alguns outros assuntos que você pode conferir logo abaixo.


Leia Literatura: Olá Carolina, primeiro obrigado por ter aceitado o nosso convite e é sempre bom começarmos perguntando como surgiu o seu interesse pela literatura e o desejo de se tornar uma autora?

Carolina Munhóz: Olá pessoal! Muito obrigada por me receber aqui no blog. Sempre fico muito feliz em poder falar com os apaixonados pelos livros. O interesse pela literatura começou com 11 anos, após uma aposta. Uma amiga duvidou que eu conseguisse ler Harry Potter e a Pedra Filosofal em uma semana e eu topei. No final já tinha lido até o Cálice de Fogo e estava completamente viciada pela série. O desejo de me tornar uma autora veio sem perceber. A ideia principal de A Fada surgiu em um sonho. Estava passando por uma fase complicada em minha vida e aproveitava a hora de dormir para refletir. Em um desses momentos peguei no sono. Tive um sonho lindo, mostrando uma fada em Londres, com um homem misterioso. No dia seguinte comecei a escrever o livro e depois percebi que virava uma escritora.


capa da edição da Novo Século
Seu livro A Fada tem como principal pano de fundo a fantasia; isso surgiu como uma necessidade de escape da realidade ou por simples apreço a narrativas deste gênero já que você é fã assumida da saga Harry Potter?

Eu amo livros de fantasia. Adoro um bom livro que me faça sair da minha realidade, mas que lide com problemas dela de uma forma diferente. Por isso quis meu livro com essa mesma estrutura. A Fada fala sobre problemas normais do dia a dia, mas de uma forma mágica. Claro que o fato de ser uma pottermaníaca sempre ajudou.


Como vai a aceitação do livro A Fada junto com o público?

Graça a Deus vai muito bem. Estou impressionada com a aceitação. Não porque não imaginava que isso iria acontecer, mas por ver como é gostoso quando acontecesse. Lutei muitos anos para chegar onde estou e está sendo muito bom. Fico feliz de ter o carinho dos leitores.


Você escreveu o livro A Fada com apenas 16 anos, em que medida a sua juventude ajudou e atrapalhou na hora de escrever um livro, que convenhamos não é uma atividade simples.

Ajudou na questão de tempo. Antes depois da escola eu não tinha quase nada para fazer, então usava meu tempo livre para ler e escrever. Hoje quase não consigo ler direito e meu tempo é todo dedicado a minha carreira. Atrapalhou na questão de maturidade. Por mais que sempre fui responsável escolhi uma carreira que não é fácil, lida muito com o ego e exige demais da pessoa e até da família. Começar essa profissão nova te faz crescer muito rápido. Na primeira versão de A Fada eu havia colocado muito das minhas impressões juvenis no livro e editoras não costumam gostar disso. É bom começarmos a escrever e mostrar ao mercado nosso trabalho quando estamos totalmente preparados para ele.


O que você sentiu quando viu o seu livro publicado?

Alegria e orgulho. Fiquei muito orgulhosa de mim, principalmente de ver que mesmo com tanta dificuldade consegui atingir meus objetivos. Foi bacana que pude ter essa sensação duas vezes. Uma com a publicação do livro pela primeira vez com a Arte Escrita e outra quando finalmente publiquei o livro pela Novo Século, uma editora que sempre quis.


Soubemos que você se inspirou em autores consagrados como Paulo Coelho e J. K Rowling, o que cada um deles ensinou a você em matéria de literatura?

A JK é minha musa. Ela é uma escritora fantástica, que com um livro maravilhoso conquistou o mundo. Ela me ensinou a lidar com o fantástico e a mostrar que através da magia literária podemos ajudar crianças, jovens e adultos a lidar com sua vida de uma forma mais divertida. Eu li Harry Potter durante o divórcio dos meus pais e sei o quanto ela me ajudou nessa fase. Ver o Harry órfão, sentindo falta de sua família, me fez lidar melhor com os problemas da minha.

O Paulo sempre foi uma espécie de exemplo. Eu almejo uma carreira como a dele, pois sei o tremendo impacto que causa em seus leitores. Ele me ensinou a escrever de forma simples e linda. A lidar com minha própria pessoa e perceber o quanto eu podia ser capaz. Ter tido a honra de conhecê-lo foi uma das coisas mais legais que fiz na vida. Espero um dia poder conhecer a JK também.


Recentemente você venceu o prêmio jovem de melhor escritora, como foi ser reconhecida como a melhor autora dentre tantos concorrentes?

Incrível! Eu estava de férias em Buenos Aires, após a Bienal, quando recebi a notícia. Era um sábado e a entrega do prêmio seria na segunda. Ao desligar o telefone sai dançando pelo saguão do hotel. A recepcionista até riu. Foi uma sensação incrível. No evento eu estava nas nuvens, pois era um tipo de situação que sempre quis na minha vida. Receber o Prêmio Jovem das mãos do Marcos Mion e da Maria Paula foi maravilhoso. Estou em choque até agora.


A literatura no Brasil parece estar dando maior espaço para novos escritores, sobretudo no seu gênero. Como autora que conselhos você daria para aqueles que desejam estar onde você já chegou?

A minha maior dica seria NÃO DESITA DE SEUS SONHOS. A vida é complicada em diversos aspectos e no mundo literário não é nem um pouco diferente. Para se tornar um escritor ativo necessita-se de muito trabalho, tanto na criação do livro quanto na edição e divulgação, porém tudo irá valer a pena quando um dia você puder pegar seu livro pronta nas mãos e ver que isso foi VOCÊ quem fez.


Como é o seu processo quando escreve? Como lidar com problemas como falta de inspiração e pouco tempo disponível em razão de outras responsabilidades?

Meu processo é bem simples: eu tento colocar o bumbum na cadeira o máximo de tempo que eu consigo e escrevo. Se você não escreve, não tem nada para mostrar para seu editor e sem nada você não é um escritor. Existem horas difíceis que não consigo escrever, mas depender de inspiração não ajuda. Se eu fosse esperar por ela, acho que estaria até hoje no primeiro capítulo do meu segundo livro. Por lutar contra as barreiras estou começando o meu quarto. A parte boa é que há dois anos tenho me dedicado total a minha carreira e escrever é minha prioridade.


Quando você escreve um livro você pensa em agradar aos leitores ou em colocar no papel aquilo que gosta independente da demanda do público?

Ambos. Eu penso em agradar meus leitores, porque sem eles eu não sou nada. O bom é que eu gosto de ler livros do estilo que eu escrevo, então acabo agradando a mim mesma. Mas tem horas que preciso me desligar do mundo e pensar nas melhores decisões que eu acho, sem pensar nos outros. Aconteceu isso no final de A Fada e agora também no do meu próximo livro juvenil.


capa da edição da Arte Escrita
Como foi publicar um livro numa editora  sob demanda como a Arte Escrita? Você a recomendaria para outros aspirantes à escrita?

Bom e difícil. Teve sua parte boa, pois através do livro publicado pela Arte Escrita consegui ir atrás de uma editora maior e de mídia. Sem um livro em mãos, ninguém te dá valor. Mas como qualquer editora pequena, não especializada em fantasia, é muito difícil. Recomendo para quem não quer gastar tanto e quem quer ter a possibilidade de ter o livro em algumas livrarias e principalmente nas suas mãos.


A pergunta que não pode faltar em nosso site: por que ler literatura?

Por que não ler? Um livro é capaz de fazer você viajar pelo mundo e por lugares desconhecidos. Te dá alegria, paixão, tristeza e recompensas. Ele pode ser seu melhor amigo. Então por que não ler?


Quais os seus próximos projetos literários?

Meu livro infantil “Eu quero ser um herói” está em negociação. Quero muito levá-lo para as escolas brasileiras, pois possui uma mensagem importante que quero transmitir para outras pessoas. Meu próximo livro juvenil deve sair no começo do ano e está muito legal (modéstia parte). Ele não é uma continuação de A Fada, mas existe uma participação da Mel. O livro é mais adulto e mostra um lado dark e sexy dessas criaturas. Estou agora no processo de escrita do quarto livro, que vai ser meu terceiro juvenil.


Novamente muito obrigado pela participação Carolina, deixe algum endereço onde as pessoas que estão lendo esta entrevista possam conhecer você melhor e eventualmente continuar a nossa conversa?

Muito obrigada pela oportunidade. Foi bem legal. Adoro conversar, então quem quiser conhecer um pouco mais da minha carreira é só acessar www.carolinamunhoz.com. Para falar comigo é só mandar um email para carolina@carolinamunhoz.com ou me achar no facebook e twitter (@carolinamunhoz).

Obrigada e que as fadas iluminem a todos!


Leia a sinopse de A Fada

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