14 de novembro de 2011

As Esganadas (Jô Soares) - Resenha do Primeiro Capítulo


Li apenas 5 livros nesta sessão que pretende ser apenas uma primeira impressão pois é baseada em um trecho curto de um livro, normalmente o primeiro capítulo. Foi a mesma coisa que fiz ao me deparar com o início de As Esganadas, mais novo best-seller de Jô Soares, e estas 10 páginas foram o bastante para eu ficar convicto de que esta foi a pior dentre todas aquelas obras que foram por aqui comentadas.

O livro inicia com um prólogo que simula uma notícia de rádio. Como é uma narrativa histórica Jô tenta passar a impressão de uma linguagem condizente com a época, mas falha pois um "vosso" mal empregado não vai justificar qualquer ambientação temporal.

No primeiro capítulo, propriamente, o sofredor leitor se depara com a correria de um Jô que conta um assassinato e todo o "drama" da vida do assassino em 8 páginas. Para conseguir colocar essa impressionante empresa em prática ele não se compromete nem um pouco em criar uma atmosfera coerente, é tudo simplesmente lançado; desde fatos corriqueiros a frases de efeito (efeitos negativos), nada se compromete com um mínimo de profundidade e/ou complexidade.

Também não se pode esquecer das citações eruditas que são empregadas com o intuito de conceder intelectualismo a obra, mas que, infelizmente, soam apenas como manifestações de um pedantismo patente ao se mostrarem como elementos que não adicionam em nada à narrativa. Nem preciso dizer que os trechos em língua estrangeira sem tradução (ou possibilidade de serem entendidos contextualmente) só confirmam este triste aspecto.

Claro que ao analisar o primeiro capítulo não posso resenhar a obra como um todo (e nem pretendo), mas é plenamente possível estar seguro de que As Esganadas, para ser um bom livro, tem de ser algo completamente diferente dessa parte inicial que com a sua mistura de clichê, superficialidade e presunção não possui qualquer grande qualidade.

Normalmente eu ponho uma lista de leitores para quem esta obra seria recomendada, todavia, dessa vez, eu não vou recomendar para ninguém pois seria incapaz de crer que ela seria de alguma relevância para bons leitores.


Sinopse
Em As esganadas, o autor do best-seller O xangô de Baker Street explora mais uma vez tema que lhe é caro: os assassinatos em série. No entanto, tal como Alfred Hitchcock, que desprezava os romances policiais cujo objetivo se resume a descobrir quem é o criminoso (o famoso “whodonit”), Jô Soares revela logo no início não somente quem é o desalmado como sua motivação psicológica (melhor dizer psicanalítica) para matar. O delicioso núcleo narrativo está nas tentativas aparvalhadas da polícia de encontrar um criminoso que, além de muito esperto e de não despertar suspeita nenhuma, possui uma rara característica física que dificulta sobremaneira a utilização dos novos “métodos científicos” da polícia carioca. 
Para investigar os crimes, o famigerado chefe de polícia Filinto Müller designa um delegado ranzinza, assessorado por um auxiliar obtuso e medroso, e que contará com a inestimável ajuda de um sofisticado e culto ex-inspetor. Na perseguição ao criminoso, os três investigadores ganham a desejável companhia de uma jovem linda, destemida, viajada e moderna, que é repórter e fotógrafa da principal revista ilustrada do país. 
O leitor também pode se fartar aqui com uma outra faceta constante da obra literária de Jô Soares: a escolha de um momento do passado para cenário de sua narrativa, o que lhe permite entrar em detalhes históricos curiosos enquanto desenvolve a trama. Desta vez, voltamos ao Rio de Janeiro do Estado Novo, tendo por pano de fundo mais amplo o avanço do nazismo e as primeiras nuvens ameaçadoras que anunciam a Segunda Guerra Mundial. Entre os eventos da época que Jô resgata estão uma corrida de automóveis no Circuito da Gávea (de que participam o cineasta Manoel de Oliveira e o lendário Chico Landi) e a transmissão pelo rádio da derrota do Brasil de Leônidas da Silva para a Itália na semifinal da Copa de 1938, na França.
Com a verve que lhe é característica, Jô consegue, neste As esganadas, realizar a façanha de narrar uma série de crimes brutais, com requintes inimagináveis de crueldade, e deixar o leitor com um sorriso satisfeito nos lábios.

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