21 de agosto de 2011

O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (J. R. R. Tolkien) - Crítica / Resenha


Atenção, o texto abaixo contém spoilers do livro (muitos por sinal)

Terminar uma saga épica é um desafio, uma vez que depois de dois livros que impressionaram fica difícil criar um desfecho que convença em magnitude de eventos e perfeição na descrição dos fatos, sem esquecer que os personagens merecem uma atenção cuidadosa porque cada um tem de possuir um término à altura de seus feitos durante a saga.

Para Tolkien o desafio de criar um final não foi maior que criar O Senhor dos Anéis como um todo, primeiro porque a divisão em três livros, como bem sabemos, não existiu durante a escrita, foi apenas uma ferramenta de publicação para não assustar o leitor diante de um "catatau" de mais de 1000 páginas. Segundo porque Senhor dos Anéis não segue o perfil de obra concebida para agradar o público, tanto que Tolkien demorou mais de uma década para concluir a obra que havia sido pleiteada após o sucesso de O Hobbit.

Em meio a esse contexto positivo surge a última parte da saga do anel; "O Retorno do Rei". Tolkien consegue se superar ao colocar os seus maravilhosos personagens e seu mundo tão rico em detalhes, o protagonista da série, num momento crucial onde aventura, tensão e drama alcançam o auge e, mesmo com toda responsabilidade, não decepcionam.

A última defesa dos homens de Gondor e de seus aliados contra as hordas de Sauron consegue superar o confronto interessante nas terras de Rohan narrado em As Duas Torres, aliás em O Retorno do Rei, livro que possui o maior número de batalhas, Tolkien consegue descrever a guerra de uma forma muito convincente o que não ocorre com tanta habilidade nos livros anteriores.

Já a destruição do anel pode ser talvez a parte que menos empolga na obra, muito embora esteja longe de decepcionar, por ser um pouco mais rápida e menos cerimoniosa do que se espera, mas mesmo assim demonstra sua importância, pois quando deixa de existir imediatamente começa a fuga desesperada das forças do escuro que se veem completamente desnorteadas com a destruição da objetificação da maldade de seu mestre.

Uma curiosidade que eu não poderia deixar de mencionar, muito embora não entre nos méritos de qualidades e defeitos, é a coragem do hobbit Sam, muito embora o portador ofício seja Frodo, ele consegue ser de uma fidelidade simplesmente absurda salvando o seu mestre em situações que qualquer um nem pensaria em começar a correr o risco (eu mesmo não faria nem a metade). 

Mas Samwise Gamgi pode ser usado como um exemplo do caráter idílico dos personagens em Senhor dos Anéis que refletem sua posição, alguns são leais como o próprio Sam, outros sábios como Gandalf que parece não ignorar absolutamente nada que acontece na Terra Média e alguns transmitem a magnitude de uma realeza que só pode existir numa ficção competente como a produzida por Tolkien, representado pelo rei Aragorn.

E se falarmos de personagens O Retorno do Rei é um rico mosaico de espécies que encantam e fascinam e que mesmo dividindo atenção com os outros tantos conseguem em poucas páginas serem elevados ao nível de inesquecíveis.

O cenário por sua vez, sempre ocupando posição de extrema importância, se ergue novamente majestoso com a austeridade de Gondor, com a atmosfera maligna de Mordor e com o surpreendente drama do Condado. Aliás o Condado representa mais uma qualidade da obra que poderia ter sido um risco bastante perigoso.

Quando todo o leitor tem absoluta certeza que Tolkien irá segurar a tensão da destruição do anel até o penúltimo capítulo ele surpreende e finaliza esta questão apenas com pouco mais de metade do livro, com isso consegue dar tempo suficiente para as consequências provenientes do desfecho. Mas isso não é o mais interessante, quando alguns poderiam esperar que a volta de Frodo e dos demais hobbits para sua terra natal seria mais uma cena de emotividade e alegria eis que surge um desafio; o enfrentamento de aliados do senhor do escuro que fizeram guarida na região.

Novamente Tolkien acerta com esse novo desafio pois ele denota que a destruição não é o processo absoluto e que extermina todos os problemas de forma automática. Além disso o confronto no Condado e em Bri demonstra o caráter destas terras que sempre acabam ficando alheias aos problemas gerais da Terra Média, lidando com as consequências que lhes surgem que são braços menores do confronto.

Ainda neste evento há mais uma acerto (pois é está lotado); a demonstração da experiência de Frodo e dos outros hobbits que chegam no Condado de forma completamente diferente da forma inexperiente quando abandonaram o lugar. É possível sentir a tranquilidade e a força adquirida pelos hobbits que vencem a batalha sem maiores problemas, e também fica evidente como os dramas enfrentados na vila dos "pequenos" são sempre um fração igualmente reduzida dos enfrentados por toda a Terra Média.

Eu até poderia me alongar mais (e olha que o texto está gigantesco) falando das qualidades da obra, que apesar de não parecer não integra o meu gênero de predileção, mas como o texto já está enorme cabe ressaltar que se os problemas existentes são pouco relevantes e dentro do que ela se propõe se aproxima da perfeição, sem dúvida um clássico da literatura de fantasia épica em nossos tempos.

Dificilmente haveria um melhor desfecho do que O Retorno do Rei para a saga O Senhor dos Anéis e por isso ele merece um ponto a mais que os outros volumes alcançando assim a pontuação máxima na minha humilde avaliação de uma obra de linguagem simples mas composta de uma narrativa complexa e fascinante.




5 de 5


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