24 de agosto de 2011

Marvel + Aventura 3 - Crítica / Resenha


Uma das melhores ideias do mercado de quadrinhos nacionais dos últimos anos foi o lançamento de hqs de super-heróis custando apenas 2 reais, mas não é só o preço que agrada os leitores pois as histórias clássicas divulgadas na revista tem como principal característica serem independentes não necessitando dos comprometimentos da confusa cronologia de Marvel e DC Comics.

As propriedades ditas acima são mais que suficientes para justificar a aquisição de DC + Aventura e Marvel + Aventura, e é assim que normalmente me comporto; encontrando algumas destas revistas na banca compro de imediato sem sequer pensar em qualidade, afinal quadrinhos a 2 reais é uma iniciativa que tem de ser estimulada.

Porém crítica trata basicamente de qualidade e neste quesito Marvel + Aventura 3 não se destaca, as histórias do Capitão America lançadas na esteira do filme não são os melhores exemplos de narrativas de origem suficientemente convincentes.

A primeira história aborda a origem do próprio Capitão América, descrevendo como o corajoso, mas extremamente franzino, jovem estadunidense torna-se o campeão que literalmente veste a bandeira do seu país. Nesta narrativa vemos todo o maniqueísmo dos tempos de guerra com direito a várias conotações grandiloquentes onde Stan Lee, especialista no heroísmo ufanista dos anos 60,  descreve os pontapés do Capitão como golpes da liberdade contra a personificação do mal.

Já na segunda história é apresentado o surgimento do Caveira Vermelha, todavia a toada é a mesma com toda a dualidade "bem e mal" onde Hitler faz questão de esclarecer com todas as letras e trejeitos que ele pertence ao lado negro da força e que quer destruir a humanidade.

Eu sinceramente não acredito que o problema esteja no nacionalismo exagerado aos EUA (muito embora isso incomode) pois é condizente e fiel ao espírito da época e, sobretudo, a um herói que traja um uniforme excêntrico com motivos e cores de seu país como fruto de uma experiência que poderia tê-lo levado a morte.

A deficiência da história está sim em outros aspectos, um dos mais evidentes é o ritmo acelerado, se fosse apenas a origem do Capitão era possível um resumo competente, mas com a introdução do surgimento do parceiro Bucky a coisa muda de figura. O herói bandeiroso leva apenas 1 quadrinho entre a descoberta de sua identidade por Bucky e a aceitação dele como parceiro, mesmo que o assistente fosse apenas um adolescente que seria exposto aos maiores riscos existente no mundo à época.

Se o intuito era introduzir o personagem ao público que o desconhecia não foi uma boa escolha pois a história soa excessivamente acelerada e inapropriada para um mundo que não vê os EUA como a encarnação da benfeitoria. Já os fãs tradicionais também não deverão ficar contentes pela correria e superficialidade.

A história do Caveira Vermelha, principal inimigo do Capitão, também apresenta o mesmo incômodo de ser superficial e incoerente com nossos tempos, mas sem dúvida o maior complicador é o próprio argumento da origem boba e pouco crível do vilão. Além disso a história conclui a origem do personagem mas não acaba a narrativa como um todo pois o Capitão América  permanece em custódia o que não faz muito sentido em quadrinhos de histórias fechadas.

No que se refere a arte outra decepção, os movimentos revelam um conhecimento bastante duvidoso de anatomia por meio dos personagens que ocupam posições estranhas com corpos excessivamente assimétricos, tudo coroado por um traço pobre e pouco criativo que não empolga em nenhuma cena de ação.

Mas, mesmo com todas essas dificuldades, Marvel + Aventura 3 vale o investimento como análise de importantes momentos históricos que permitem uma visão bem consistente de como o estadunidense comum observava (e observa ainda) o mundo que o circunda.


Leia a sinopse de Marvel + Aventura 3


2 comentários:

  1. "Herói bandeiroso"... kkkk adorei isso...

    Olhe esse negócio de quadrinhos eh complicado viu?! Tou tentando iniciar meus conhecimentos por esse novo caminho, maaaaassss, ainda fico completamente confusa... hahahahaha

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  2. kkk também gosto, é um termo clássico pro Capitão.

    Pois é complicado mesmo, principalmente essas histórias recentes que depois de anos de cronologia são praticamente incompreensíveis. rsrs

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