Uma das melhores ideias do mercado de quadrinhos nacionais dos últimos anos foi o lançamento de hqs de super-heróis custando apenas 2 reais, mas não é só o preço que agrada os leitores pois as histórias clássicas divulgadas na revista tem como principal característica serem independentes não necessitando dos comprometimentos da confusa cronologia de Marvel e DC Comics.
As propriedades ditas acima são mais que suficientes para justificar a aquisição de DC + Aventura e Marvel + Aventura, e é assim que normalmente me comporto; encontrando algumas destas revistas na banca compro de imediato sem sequer pensar em qualidade, afinal quadrinhos a 2 reais é uma iniciativa que tem de ser estimulada.
Porém crítica trata basicamente de qualidade e neste quesito Marvel + Aventura 3 não se destaca, as histórias do Capitão America lançadas na esteira do filme não são os melhores exemplos de narrativas de origem suficientemente convincentes.
A primeira história aborda a origem do próprio Capitão América, descrevendo como o corajoso, mas extremamente franzino, jovem estadunidense torna-se o campeão que literalmente veste a bandeira do seu país. Nesta narrativa vemos todo o maniqueísmo dos tempos de guerra com direito a várias conotações grandiloquentes onde Stan Lee, especialista no heroísmo ufanista dos anos 60, descreve os pontapés do Capitão como golpes da liberdade contra a personificação do mal.
Já na segunda história é apresentado o surgimento do Caveira Vermelha, todavia a toada é a mesma com toda a dualidade "bem e mal" onde Hitler faz questão de esclarecer com todas as letras e trejeitos que ele pertence ao lado negro da força e que quer destruir a humanidade.
Eu sinceramente não acredito que o problema esteja no nacionalismo exagerado aos EUA (muito embora isso incomode) pois é condizente e fiel ao espírito da época e, sobretudo, a um herói que traja um uniforme excêntrico com motivos e cores de seu país como fruto de uma experiência que poderia tê-lo levado a morte.
A deficiência da história está sim em outros aspectos, um dos mais evidentes é o ritmo acelerado, se fosse apenas a origem do Capitão era possível um resumo competente, mas com a introdução do surgimento do parceiro Bucky a coisa muda de figura. O herói bandeiroso leva apenas 1 quadrinho entre a descoberta de sua identidade por Bucky e a aceitação dele como parceiro, mesmo que o assistente fosse apenas um adolescente que seria exposto aos maiores riscos existente no mundo à época.
Se o intuito era introduzir o personagem ao público que o desconhecia não foi uma boa escolha pois a história soa excessivamente acelerada e inapropriada para um mundo que não vê os EUA como a encarnação da benfeitoria. Já os fãs tradicionais também não deverão ficar contentes pela correria e superficialidade.
A história do Caveira Vermelha, principal inimigo do Capitão, também apresenta o mesmo incômodo de ser superficial e incoerente com nossos tempos, mas sem dúvida o maior complicador é o próprio argumento da origem boba e pouco crível do vilão. Além disso a história conclui a origem do personagem mas não acaba a narrativa como um todo pois o Capitão América permanece em custódia o que não faz muito sentido em quadrinhos de histórias fechadas.
No que se refere a arte outra decepção, os movimentos revelam um conhecimento bastante duvidoso de anatomia por meio dos personagens que ocupam posições estranhas com corpos excessivamente assimétricos, tudo coroado por um traço pobre e pouco criativo que não empolga em nenhuma cena de ação.
Mas, mesmo com todas essas dificuldades, Marvel + Aventura 3 vale o investimento como análise de importantes momentos históricos que permitem uma visão bem consistente de como o estadunidense comum observava (e observa ainda) o mundo que o circunda.
Leia a sinopse de Marvel + Aventura 3
Leia a sinopse de Marvel + Aventura 3
"Herói bandeiroso"... kkkk adorei isso...
ResponderExcluirOlhe esse negócio de quadrinhos eh complicado viu?! Tou tentando iniciar meus conhecimentos por esse novo caminho, maaaaassss, ainda fico completamente confusa... hahahahaha
kkk também gosto, é um termo clássico pro Capitão.
ResponderExcluirPois é complicado mesmo, principalmente essas histórias recentes que depois de anos de cronologia são praticamente incompreensíveis. rsrs