Quem já leu Paulo Freire sabe bem do que se trata, simplicidade (que beira a redundância) e a defesa de uma educação progressista e participativa onde aluno e professor exercem, ao menos em tese, papéis de importância semelhantes e complementares no processo pedagógico.
As teses abordadas estão em consonância com o as opiniões mais aceitas no que se refere a
uma educação mais próxima do ideal buscado hoje em dia, ou seja, menos autoritarismo do professor, maior diálogo entre instrutor e aluno e promoção de uma pedagogia que pense sobretudo na eficiência de um método centrado no educando.
Certamente é um bom livro para quem concorda com a tese do autor, a grande dificuldade é a opinião comprometida de Paulo Freire, que tem clara sua corrente de pensamento e portanto sai com algumas idéias que podem parecer ingênuas e exageradas, sobretudo para aqueles que não comungam do mesmo ideário como chamar o capitalismo de sistema "intrinsecamente mal" em contraposição a um modo socialista de sociedade.
Outra crítica recorrente é ao caráter parcialmente utópico da obra, Paulo freire se preocupa em mostrar como seria a educação ideal, mas não tece argumentações de como implantar o seu sistema tendo em vista todas as dificuldades inerentes de uma mudança tão profunda, não é que ele ignore essas dificuldades mas também não demonstra maneiras que pareçam contundentes de contorná-las.
Agora algo que incomodou particularmente na minha leitura foi a repetição, existem diversos temas reproduzidos a exaustão quando já foram suficientemente bem compreendidos na primeira vez em que tiveram menção. Outros assuntos parecem óbvios demais para necessitar de uma abordagem, mas isso não chega a ser um problema, já que a obra tem a pretensão de poder ser lida por quanto maior for o número de pessoas que se interessarem, por isso é preciso realmente que conceitos básicos (bem básicos) sejam discutidos.
É isto, linguagem simples, temas que se repetem em todo o decorrer da obra e um método de educação que muitos (inclusive eu) acreditam ser melhor para a sociedade, uma obra que pode incomodar pela falta de aprofundamento e compromisso ideológico mas que é extremamente coerente com a posição do autor.
Ewerton Gonçalves
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