29 de abril de 2011

O Doce Veneno do Escorpião (Bruna Surfistinha) - Crítica


Blog, livro, filme, todos colhendo sucesso inegável, esta é a trajetória da história de prostituta de Raquel Pacheco relatando sua difícil vida numa das mais estigmatizadas profissões existentes. Porém sucesso nem sempre significa qualidade e no caso de Raquel isto e notório, o filme, que não é roteiro dela, é bom mas nem tanto, já o livro é ainda mais fraco em questão de competência narrativa.

A idéia de Raquel ou Bruna (nome pelo qual ficou conhecida) nunca foi ser uma grande escritora, a pretensão sempre foi externar experiências pessoais e ganhar um retorno financeiro com isto, e pode-se dizer sem medo que ambos os objetivos foram alcançados sem qualquer problema. Mas o livro se resume a isso, fatos narrados com impressões pessoais pouco aprofundadas, Bruna não tem domínio técnico linguístico ou literário para ser envolvente ou para conseguir transmitir os seus sentimentos sem a enumeração de palavras que por si só já são limitadas mas que ficam ainda menos expressivas no vocabulário mal utilizado presente na obra.

O problema , em linhas gerais, é a falta de recursos, a história da prostituta Bruna com todos os seus detalhes próprios da profissão e individuais da personagem não é bem contada, é tão somente contada, não fossem as análises de cunho pessoal, típicas de um diário, seria apenas uma longa reportagem jornalística transcrita por um profissional pouco competente.

Porém se pelos méritos literários a obra não convence a história que soma a discriminação e sofrimento ao sempre atrativo apelo sexual é mais do que suficiente para agradar a grande parte dos leitores que já estão acostumados a autores que não possuem habilidades narrativas admiráveis. Aliás Doce Veneno do Escorpião tem mais um atrativo importante em relação a concorrência; tudo que está escrito ali é realidade, em uma de suas facetas mais verdadeiras e menos apresentadas.

Quem se incomoda com livros mal escritos terá dificuldade em enfrentar as páginas da obra da ex-prostituta Bruna Surfistinha, pois, provavelmente, sentirá  tédio com seu relato direto e superficial. Agora quem não se importa tanto com isto poderá gostar pois não há dificuldade alguma em compreender e, sobretudo, terá diante de si um história que poderá chocar e fazer com que algumas convicções sejam repensadas.

Ewerton Gonçalves


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